Jogou um saco de batatas cheio de suas roupas pelo ombro e pôs um dos pés para fora.
Colocou-o de volta para dentro.
Não é certo.
Mas talvez é o que preciso.
Duas pisadas na calçada mal planejada, cheia de buracos e sujeira.
Talvez é o que deva ser feito.
Nunca gostara de cerejas.
Preferia morangos.
O vento deu um tapa em seu rosto. Fora carinhoso, sem pressa. Um tapa de amor.
Mas o que sabia disso?
A fome lhe esmagava o estômago.
Essa não tinha piedade. Torce, filho da puta.
A boca secava, o sol derretia, as pernas moviam-se.
Viu um pequeno pássaro pousar no fio do poste.
Ele estava tão morto quanto o corpo que se arrastava pela estrada de chão batido.
Nunca gostou de futebol.
Preferia dormir.
Deitou-se no chão e olhou para as próprias mãos, viu a linha da razão escapar entre os dedos.
Chorou.
Acordou.
Abriu um sorriso, o pássaro já havia aberto suas pequenas asas e tomado um rumo diferente.
Ao seu lado o relógio marcava os compromissos.
Resolveu esquecê-los.
Descansou sobre seu saco de batatas.
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